terça-feira, maio 30, 2006

A tara de Zé










Zé era um cara bem legal. Pena que tinha uma tara por nádegas. No popular, bumbum ou bunda. Claro que não podia ser qualquer uma. Nem precisava ser grande; só era necessário que fosse redondinha. Entende? Aquele formato arredondado, certinho...
Era um rapaz normalmente muito sereno e racional, respeitado no subúrbio onde morava. Contudo, ninguém sabia o quanto ele sofria e se segurava quando via a dita cuja indo de um lado para o outro, rebolativa. Ficava hipnotizado, via miragens, ouvia seu nome ser chamado e desejava no fundo do seu âmago correr pra apalpar. Procurava só se relacionar com mulheres “achatadas”, se é que você me entende, e que tivessem bastante celulite. Num certo dia de outubro conheceu uma bela menina e começou a gostar dela. Pobre Zé, a menina, chamada Joycilene, adorava praia e amava se bronzear. Não leve a mal, o coitado achava praia uma coisa linda, contudo nunca poderia ir a uma, devido ao vasto festival de nádegas desnudas que sempre haveria por lá.
Dois meses de namoro depois, chega o verão. A magricela Joycilene fica louca pra ir à praia e chama o Zé. Obviamente, ele recusa. Joyci (para os íntimos) era muito teimosa e cabeça dura e insistiu dizendo que Zé, como namorado, nunca poderia deixá-la ir à praia sozinha. O rapaz apaixonado cedeu. E lá se foram para Copacabana num belo domingo de sol.
O sofrido homem, escravo de seu fetiche, nada pôde fazer. Ficou completamente extasiado olhando pra todos os lados, perdido. Havia muitas feias, mas grande parte era do jeitinho exato que fazia seu coração palpitar com ferocidade impensável. Joycilene deitou-se de bruços para se bronzear; Zé nem percebeu. Eram tantas outras de bruços, viradas para o sol (que naquele momento era um deus para Zé) que Joyci era o de menos.
Zé decidiu se acalmar, pois não queria magoar sua amada. Fechou os olhos e começou a respirar lentamente. Azarado Zé. No único momento que resolve piscar, dá de cara com aquela mulata escultural abaixando-se para coçar o dedinho mindinho do pé esquerdo, próximo ao joanete. Era como a lua cheia pra um lobisomem. Suas mãos começaram a tremer, suas pernas bambeavam, seus olhos arregalaram-se tentando a transformação em binóculos ultrapotentes de última geração. Saiu em disparada em direção a sua deusa de ébano, sua lua, sua fronteira final.
Todos na praia ficaram estarrecidos ao ver aquele homem agarrar, apalpar, morder, se deliciar e se esbaldar nas nádegas daquela moça sem que ela pudesse fazer nada, tamanha era a força e alegria que era empregada naquele feito. Somente quando o namorado da moça veio voando - quase que literalmente - para cima de Zé, que ele, feliz da vida, pôs-se a correr em direção ao mar. E nadou, nadou, nadou...
Zé nunca mais foi visto. Dizem uns que morreu afogado, porém realizado; dizem outros que chegou numa ilha e vive com as lembranças do único momento em sua vida que foi plenamente feliz. Joycilene pôs silicone nos seios e nas nádegas e hoje é artista-modelo-atriz. Figura certa em Superpops e Sabadaços da vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

É conheço muitos Zé´s por aí...só que alguns não conseguem controlar sua empolgação na praia,outros com a namorada na rua e outros em casa...é bem,deixemos os Zé´s em paz.Afinal de conta,quem não tem taras??
Paralelamente,acredito que a mulata escultural adorou aquela apalpada.Afinal,em que outra vida ela teria sido tão vangloriada?Ahn,bem,deixando os pensamentos bestas e paralelos de lado,muito bom o texto :D
Seria uma libertação?hahaha
Bjão!

Anônimo disse...

coe

cade a coluna do mano que falou da mtv???

 
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