quinta-feira, outubro 09, 2008

é um bom companheiroooooo, ninguém pode negar...







É, quando acho que a política pode melhorar, vendo um candidato de estilo levemente, aparentemente diferente, como o Gabeira, com fortes chances de ser prefeito do Rio, vem uma decepção do outro lado.

Vladimir Palmeira foi um dos maiores líderes estudantis que o Brasil já teve. Alguém que lutou muito contra a ditadura ao lado de muitos outros, entre eles, Fernando Gabeira.
Gabeira esse que, junto com outros guerrilheiros, sequestrou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick, em 69, para libertar alguns companheiros. Entre eles estavam Vladimir Palmeira e José Dirceu.
Com José Dirceu nem perco tempo. Porém, vi na televisão algo que, imediatamente, me deu um certo asco.
A matéria era sobre as eleições para Prefeitura do Rio e os apoios políticos para os adversários Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV). Dizia que o PT havia confirmado o apoio a Eduardo Paes. Até aí "tudo bem". Conexões políticas, distribuição de cargos... O que me chocou foi ver Vladimir Palmeira (PT) ao lado do Paes, levantando a mão dele e batendo palmas, animado.
Lembro que nas eleições de 2006 para governador, em um debate na televisão, Vladimir atacava ferozmente Eduardo Paes, desdenhando e afirmando que Eduardo nunca havia trabalhado, nunca havia exercido nenhuma profissão, e era um político profissional. Agora se abraçam. (Infelizmente não encontrei o vídeo do debate na internet)
Tudo bem, faz parte da arte (?) política. Hoje te odeio, amanhã te amo, depois de amanhã te aturo, se esperar um pouco mais te passo a perna, mas, quando precisar te chamo de novo, tá?
Seria eu então um ingênuo por me chocar com uma cena dessas? Alguém que sabe pouco de política? Provavelmente.
Ah, nem dá para julgar. Vladimir, Gabeira. Cada um escolheu um caminho. Vladimir é do PT, partido que decidiu apoiar Paes, ele tem que seguir a linha do partido, não é? O que importa o passado? E o cargo de amanhã? E a próxima candidatura?
As pessoas mudam, o contexto muda, só os políticos que parecem continuar todos iguais...
Ou não.

terça-feira, outubro 07, 2008

Paes com Gabeira


No momento em que escrevo isso, no Rio de Janeiro, ocorreu, há dois dias, a votação do 1º turno para eleger o novo prefeito da capital.

A decisão ficou para o segundo turno entre dois candidatos com históricos completamente diferentes: Eduardo Paes e Fernando Gabeira.

Eduardo Paes tem 38 anos, é Bacharel em Direito, e, segundo dizem, nunca trabalhou. Seria um político profissional. Foi de diversos partidos políticos, PFL, PTB, PSDB e, atualmente, por enquanto, está no PMDB. É visto por muitos como um mauricinho e tenta focar sua campanha na área da saúde, que é realmente um dos setores mais decadentes do Rio. Sua proposta é ampliar o número de UPAs, Unidade de Pronto Atendimento, com o objetivo de desafogar os postos de saúde e hospitais municipais.

Fernando Gabeira tem 67 anos, é escritor e jornalista. Participou da luta armada contra a ditadura no Brasil, no MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e é membro-fundador do PV, Partido Verde... cansei. A história dos dois candidatos está aí pela internet.


Nenhum dos dois é santo. (Algum político é?)

O engraçado da campanha é notar a polarização, o abismo que separa os dois candidatos.

Outro dia estava eu em uma mesa, numa festa, quando um senhor, arquiteto, de mais de 60 anos, diz: "Porra, quem vota no Gabeira ou é viado, ou cheira, ou fuma maconha"

Apesar da vontade de rebater fiquei calado. Estava em minoria na mesa e começar uma discussão com aquele senhor ali não levaria a nada. Porém sei que essa é a visão de um bom número de pessoas.

Gabeira já defendeu a legalização da maconha, sempre defendeu a causa dos homossexuais e ficou conhecido por ir à praia usando uma tanga azul e lilás no verão de 1980. Também participou do sequestro de um embaixador americano. Obviamente esses fatos incomodam muita gente. Inclusive, a tanga me incomoda, não era nascido na época, mas nunca gostaria de ter visto a foto do Gabeira usando. Não é uma cena bela, na minha concepção.

Já ouve denúncia contra Gabeira sobre o uso de sobra de campanha (200 mil reais) para pagar seu website a uma empresa pertencente a sua esposa.

Gabeira, pelo seu histórico, sempre passou a idéia de um ex-revolucionário, polêmico, mas aparentemente mantém uma ética na política.

Eduardo Paes é um caso completamente diferente. Passa uma imagem de mauricinho mesmo, classe média alta pra cima. Todo bonitinho, arrumadinho. Superficialmente, parece um estereótipo do cara que nunca passou dificuldade. Foi sub-prefeito da Barra da Tijuca, sendo denunciado por receber propinas de construtoras e de roubar os cofres públicos. Nada nunca foi confirmado.

Nenhum dos dois tem grande penetração nas áreas pobres do Rio, porém é muito mais fácil o Eduardo Paes conseguir esse votos com seu jeito de bom moço e o apoio do Governador Sérgio Cabral.

Gabeira tem força nos jovens, nos artistas, nos alternativos.

Em 2003, participei do grêmio do colégio estadual onde estudava, fui Diretor de Movimentos Populares. Neste ano participei de diversas passeatas a favor do passe livre no Centro do Rio, uma delas muito grande, que teve destaque na capa de jornais.

Isso, e a leitura do livro 1968 do Zuenir Ventura, me fez imaginar como foram as passeatas contra a ditadura. A passeata dos 100 mil. A luta estudantil, hoje tão inexpressiva, quase inexistente, vendida.

O que isso tem a ver com a eleição da Prefeitura do Rio de Janeiro?

Meu histórico e opiniões me levam a ter uma leve identificação com Fernando Gabeira e nenhuma com Paes. Que venha o melhor para o Rio.

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Curta-metragem do cineasta Nelson Andrade.

Mais em: http://www.youtube.com/user/fromandrade
 
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