terça-feira, outubro 07, 2008

Paes com Gabeira


No momento em que escrevo isso, no Rio de Janeiro, ocorreu, há dois dias, a votação do 1º turno para eleger o novo prefeito da capital.

A decisão ficou para o segundo turno entre dois candidatos com históricos completamente diferentes: Eduardo Paes e Fernando Gabeira.

Eduardo Paes tem 38 anos, é Bacharel em Direito, e, segundo dizem, nunca trabalhou. Seria um político profissional. Foi de diversos partidos políticos, PFL, PTB, PSDB e, atualmente, por enquanto, está no PMDB. É visto por muitos como um mauricinho e tenta focar sua campanha na área da saúde, que é realmente um dos setores mais decadentes do Rio. Sua proposta é ampliar o número de UPAs, Unidade de Pronto Atendimento, com o objetivo de desafogar os postos de saúde e hospitais municipais.

Fernando Gabeira tem 67 anos, é escritor e jornalista. Participou da luta armada contra a ditadura no Brasil, no MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e é membro-fundador do PV, Partido Verde... cansei. A história dos dois candidatos está aí pela internet.


Nenhum dos dois é santo. (Algum político é?)

O engraçado da campanha é notar a polarização, o abismo que separa os dois candidatos.

Outro dia estava eu em uma mesa, numa festa, quando um senhor, arquiteto, de mais de 60 anos, diz: "Porra, quem vota no Gabeira ou é viado, ou cheira, ou fuma maconha"

Apesar da vontade de rebater fiquei calado. Estava em minoria na mesa e começar uma discussão com aquele senhor ali não levaria a nada. Porém sei que essa é a visão de um bom número de pessoas.

Gabeira já defendeu a legalização da maconha, sempre defendeu a causa dos homossexuais e ficou conhecido por ir à praia usando uma tanga azul e lilás no verão de 1980. Também participou do sequestro de um embaixador americano. Obviamente esses fatos incomodam muita gente. Inclusive, a tanga me incomoda, não era nascido na época, mas nunca gostaria de ter visto a foto do Gabeira usando. Não é uma cena bela, na minha concepção.

Já ouve denúncia contra Gabeira sobre o uso de sobra de campanha (200 mil reais) para pagar seu website a uma empresa pertencente a sua esposa.

Gabeira, pelo seu histórico, sempre passou a idéia de um ex-revolucionário, polêmico, mas aparentemente mantém uma ética na política.

Eduardo Paes é um caso completamente diferente. Passa uma imagem de mauricinho mesmo, classe média alta pra cima. Todo bonitinho, arrumadinho. Superficialmente, parece um estereótipo do cara que nunca passou dificuldade. Foi sub-prefeito da Barra da Tijuca, sendo denunciado por receber propinas de construtoras e de roubar os cofres públicos. Nada nunca foi confirmado.

Nenhum dos dois tem grande penetração nas áreas pobres do Rio, porém é muito mais fácil o Eduardo Paes conseguir esse votos com seu jeito de bom moço e o apoio do Governador Sérgio Cabral.

Gabeira tem força nos jovens, nos artistas, nos alternativos.

Em 2003, participei do grêmio do colégio estadual onde estudava, fui Diretor de Movimentos Populares. Neste ano participei de diversas passeatas a favor do passe livre no Centro do Rio, uma delas muito grande, que teve destaque na capa de jornais.

Isso, e a leitura do livro 1968 do Zuenir Ventura, me fez imaginar como foram as passeatas contra a ditadura. A passeata dos 100 mil. A luta estudantil, hoje tão inexpressiva, quase inexistente, vendida.

O que isso tem a ver com a eleição da Prefeitura do Rio de Janeiro?

Meu histórico e opiniões me levam a ter uma leve identificação com Fernando Gabeira e nenhuma com Paes. Que venha o melhor para o Rio.

3 comentários:

Pillar Paladini disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pillar Paladini disse...

Antes de tudo: essa foto do Paes só enfatizou a cara de mauricinho do sujeito rs. Pode dizer, foi proposital foi não?Assim como a foto do Gabeira ´´Popular`` de trem rs. Aiai...

Corrigindo: ALGUÉM é santo?

São os velhos estereótipos e mais, o histórico que sempre irá acompanhar os candidatos. Paes sempre será visto como o vira casaca e Gabeira como o que levanta a bandeira GLS e um maconheiro nato(opa). Estereótipos, história.

Mas é engraçado essa questão de imagem...a imagem, como em todo setor da sociedade, sobretudo na via pública, conta absurdamente. Você cuidar de sua aparência física é algo imprescindível, dá um ar de ´´se eu não cuido nem de mim, o que dizer dos outros``, falando a bem grosso modo. Fiquei abismadíssima, mas confesso que já escutei algumas vezes pessoas dizendo que não votariam na Jandira ou na Benedita por conta das aparências delas. Humph.

Realmente, o que a passeata tem a ver com os candidatos? eu ia até falar, mas confesso que me bateu preguiça rs.

Que venha o melhor para o Rio. Mas eu escolho Gabeira rs.

Anônimo disse...

Dizer quem é o melhor para o Rio, hoje em dia é um pouco complicado. Eu, por exemplo, já não tenho mais confiança para votar, muito menos acreditar que esse ou aquele vai "dar um jeito" na nossa cidade.

A eleição para Prefeito está mais para um clichê hollywoodiano. Como a Pillar citou tudo sempre vai pelos estereótipos da imagem, no caso temos o bonzinho, o Paes, que vem de uma classe que não deve ter idéia de tanta miséria que tem na cidade do Rio; e Gabeira, um personagem revolucionário que não mede esforços para expor seus ideais. Muito distintos esses nossos políticos, não?!

Eu penso que o Rio precisa de muito mais que um revolucionário que apóia os gays e é a favor da liberação da maconha. O Rio não precisa de um cara que é, ou se faz de bonzinho para acreditarmos que ele não vai roubar mais dinheiro. O Rio também não precisa de um político, pois essa classe já caiu na banalização.

Nós precisamos de um herói! Aquele que chega na hora em que o carro vai atropelar a mãe com a criança no colo, o que salva milhares de passageiros de um trem que está prestes a cair em um precipício, ou de um grande meteorito que vá destruir a cidade...enfim, enquanto isso ainda é ficção, eu prefiro ficar com o que mete a cara...eu também fico com o Gabeira.

 
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