quinta-feira, junho 14, 2007

Necessários

E amigos? Amigo é briga; é amor.

Amigo de verdade tem lealdade acima de tudo. Amigo sabe que é amigo. Amigo é base, é quartel-general. É chão.

É babaquice levada ao extremo. Você pode ser... você. E ser aceito, amado. Você pode ser ridículo, daquele jeito que todos te olharão estranho, incluindo até seus próprios amigos, mas eles não te abandonarão. Talvez te abandonem por alguns minutos devido à vergonha, mas voltarão logo depois.

Lembrar de suas histórias, lembrar dos seus amigos, é uma alegria tremenda. Aquele carnaval, aquele chopp, aquele rodizio de pizza, aquele dia na escola ou na faculdade, o dia naquela boate ou naquele churrasco, tantos lugares. E o show na praia! Lembra?

Quando estava na sarjeta. Quando estava no auge.

Das lágrimas no ombro à gargalhada ensurdecedora.

Eles estavão lá.

Amigo é aquele que você pode ficar anos sem ver. E quando encontrar vai ser como se tivesse passado um único dia. A mesma babaquice. O mesmo sorriso. As mesmas histórias. Já te magoou, odiou e amou. Talvez até isso tudo num espaço de poucos minutos.

Amigo é aquele que pode me ligar e falar: "Cara, tô precisando de tal parada"E minha resposta será: "Num me enche, sua puta... Quer que horas?"

Jedi

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Não sei se consegui expressar tudo que gostaria assim sendo, para finalizar, um texto, nada menos do que perfeito, sobre a amizade. Identificação total.

“Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os."

Vinícius de Moraes

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